Por Daniel de Lima Cabrera
Gerir uma empresa é, sem dúvida, uma jornada de vida para muitos empresários, que, em determinado momento, devem iniciar a estruturação para perenidade de suas companhias. Tal estrutura, se dá com um conselho de administração, documentos societários claros e objetivos entre outras políticas internas escritas e devidamente praticadas.
Para exemplificar a importância da estruturação, do planejamento e de regras claras, imagine que a jornada de uma empresa seja uma aventura marítima. A segurança e o sucesso desta empreitada estão diretamente ligados ao nível de planejamento da jornada. Por outro lado, imagine um tripulante sendo convidado para fazer parte desta jornada e, ao perguntar sobre o barco, recebe a resposta de que ainda não se sabe qual será a embarcação, mas que somente sabe-se que quer dar a volta ao mundo.
As boas práticas marítimas exigem o planejamento meticuloso quanto, por exemplo, à rota da viagem, previsões meteorológicas, atribuições da tripulação, revisão detalhada dos equipamentos, sobressalência destes equipamentos, entre diversos outros detalhes.
Diante disso, pergunto: “Qual o nível de confiança que esse tripulante teria para aceitar participar de uma aventura sem sequer saber qual equipamento será utilizado”? Ou ainda: “Qual nível de confiança uma viagem marítima em que somente o capitão do barco conhece os detalhes inspiraria”?
E se, mesmo com todos esses requisitos cumpridos, a tripulação e demais terceiros envolvidos na jornada não soubessem de onde ou de quem parte as decisões, ou não têm claras as regras sobre a viagem?
Para que essa empreitada marítima obtenha sucesso, seria necessário um barco muito bem construído, com todas as manutenções preventivas em dia, atrelado há uma equipe que vai se renovando com novos talentos, treinados pelos marinheiros mais experientes, que, por sua vez, vão substituindo os ainda mais experientes, para haver, com isso, uma fonte inesgotável de pessoas da tripulação que possa substituir o capitão. Dessa forma, cria-se um ciclo virtuoso de manutenção e aprimoramento em pessoas e equipamentos.
Trazendo esse exemplo para o mundo corporativo, tudo – e muito mais – que foi mencionado é fundamental para uma empresa. Para se ter este mesmo ciclo virtuoso e uma base sólida para que este ciclo perdure, para que a organização se torne perene, além das pessoas que estarão ou não na jornada, é necessário ter regras claras e sabidas por todos os membros da equipe e também por terceiros, direta ou indiretamente, relacionados à esta corporação.
Do ponto de vista do investidor, para que se tenha segurança em empregar capital em uma determinada empresa, é preciso vislumbrar se a companhia consegue cumprir suas metas e objetivos, se há um conjunto de regras claras e disseminadas na organização que apoie a tomada de decisão pelos gestores ou se, por outro lado, as decisões dependem dos arroubos de uma única pessoa, por exemplo.
Considerando o inóspito ambiente da jornada empresarial, torna-se cada vez mais essencial ter um conjunto de normas escritas, formalizando-se, por exemplo, um acordo de quotistas e demais políticas internas; ter suas decisões estratégicas documentadas, em reuniões estruturadas com pauta prévia e atas com as deliberações ou até por meio de um conselho de administração; além de ter todas as relações jurídicas importantes devidamente instrumentalizadas em bons contratos.
Assim, é evidente que a empresa que detém este conjunto de cuidados muito bem difundidos entre os seus stakeholders transmite previsibilidade para todos, gerando um ciclo virtuoso baseado em segurança e solidez, o que é, inegavelmente, um elemento de geração de confiança para o mercado e um pilar muito importante para o seu sucesso da jornada.